Último Conto, o manuscrito final.
Estas provavelmente serão as últimas palavras transcritas no cosmo, provavelmente não... Tenho plena consciência que nada mais resta, ou seja, são de fato as palavras finais. Tudo se foi, nada restou. Incalculáveis eras e registros esquecidos jogados ao vento, nem nossa memória que tanto nos confortava... Nem a mera lembrança ficou, e agora enquanto escrevo vejo o turbilhão se aproximando de mim, sou o único, nada mais sobrou em trilhões e trilhões de eons.
Vivo se é que vivo... Vivo de uma estranha maneira... Impossível a você leitor do passado entender, não me pergunte quem eu sou ou que eu sou.
Não há conceitos que podem me definir, mas se preferirem me chame de Ser Vivo é o mais próximo que suas definições podem chegar de mim. Quando ao meu nome se eu fosse traduzi-lo em todas as linguagens do cosmo, mesmo assim necessitariam de infinitas novas semânticas, pois se foi à época em que usávamos palavras. Agora não necessito mais de comunicação para se comunicar.
Mas mesmo eu, tão diferente e tão igual a todos, mesmo eu repleto de incontáveis segmentos não posso fugir as leis que definem o emaranhado cósmico, o que era impossível se mostrou possível, contudo mesmo que voltasse pra fugir não poderia... Mesmo não sendo mais matéria, nem quântico tão pouco uniforme. Mostrou-se impossível fugir a entropia.
Meu fim chega junto do fim do universo, o espaço calabi-yau entrou em transtornos, branas já não podem manter-se sem elions necessários, um imenso vácuo formou-se... Hiper-espaço desintegrou-se, agora sim de fato é o fim, não há escapatória, coisa nenhuma restara.
Por isso estou mandando a vocês do passado esse pequeno texto através do tempo, não sei por qual razão estou enviando isso, simplesmente me veio à inspiração, tenho a estranha sensação de que já li tal manuscrito antes mesmo estando o escrevendo agora, mas isso não vem ao caso agora.
Já não tenho mais tempo, se é que posso chamar assim... Envio esta mensagem ao passado com algum propósito, não sei qual é...,espero que seja exercido, na verdade eu sei que será.
E tudo se passou para mim... E para você... Nosso universo não existe mais, nada existe mais, voltamos ao início, mas agora tenho plena convicção que não mais haverá outro ciclo eterno, pois a própria eternidade e os ciclos foram consumidos, e no fim nada restou.
Fim.
E assim mandou a mensagem ao passado, e agora o turbilhão estava próximo... Enfim chegará a hora que tanto esperava..., no passado fugira dela..., mas agora ele ficou ali a contemplar sua própria existência a se decompor frente a seus olhos, e no fim esvaziou-se de qualquer pensamento. Estava morto e com ele jazia o universo.
Fim.
Mal sabia aquele ser que ao escrever aquele pequeno trecho estava rascunhando para ele próprio no passado; um ele menos evoluído e que começara a entender os princípios do tudo. E deste modo quando o ele do passado alcançou a forma quase perfeita sentiu a mesma necessidade de escrever um texto com algum propósito perto do fim. E o resultado foi o mesmo que vocês leram... Ele também o fez enviando ao passado novamente, iniciando-se assim um período. E talvez você se pergunte como eu sei disso... A resposta é simples eu sou o inconsciente dele e o seu, pois somos a mesma coisa e não somos, e não me pergunte como registrei isso em linhas e palavras, pois para compreender os meus conceitos você ainda precisa evoluir.
E tudo se passou... O meu e o seu universo, tudo se foi, nada restou... Seja no passado, presente, futuro... Nada restou, nada a não ser o último manuscrito que entrou num ciclo sem fim sendo repassado e escrito eternamente.
Fim.
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